quarta-feira, 14 de agosto de 2013




  



Eu nunca soube finalizar uma história, por isso nunca fui muito apta em lidar com despedidas quando eu via alguém indo embora. A ideia do "adeus" sempre me doeu, como um machucado recente. Eu sempre achei que as coisas foram feitas pra durar. Término nunca foi muito a minha cara. Às vezes eu preferia me acostumar com a dor do perdão, do que com a dor do adeus. Eu já perdoei muita coisa sem finalizar uma história pra não ter que sentir a dor da despedida, pra não sentir saudade. Um erro é claro, porque eu sei que um dia eu vou ter que aprender na marra. Não dá pra ficar colocando pano quente em cima de ferida que sangra, porque só um médico vai resolver. Era assim comigo, eu colocava pano quente em cima de feridas, eu queria evitar a dor de um lado, mas eu nunca deixei de sentir aquele que doía de outro. Porque se eu perdoava uma traição e não finalizava aquilo, eu tinha que conviver com a dor do perdão. Eu tinha que conviver com uma certa dor, então o que eu estava tentando evitar mesmo? Eu sabia que ia doer do mesmo jeito, mas a dor parecia menor então eu insistia em manter coisas velhas guardadas porque me desfazer daquilo doía muito mais do que guardar. A verdade é que eu nunca gostei de despedidas, eu sempre achei que as coisas deveriam ser eternas, e por isso acabei acumulando dor, dor desnecessária.
“E eu corro no espelho de novo e repito cem vezes que não gosto de você. Não gosto de você. Não gosto de você. Porque se eu gostar de você, eu sei que você vai embora. E eu simplesmente não aguento mais ninguém indo embora. Porque nessa vida maluca só se dá bem quem ignora completamente a brevidade da vida e brinca de não estar nem aí para o amor. E eu preciso me dar bem e por isso ignoro minha urgência pelo amor. Porque, se você sentir uma urgência em mim, vai é correr urgente daqui. Chega!”
— Tati Bernardi
“Ela é louca por ele. Fala o tempo todo dele pras amigas. Dorme e acorda pensando nele. Sente raiva por não afastá-lo nem um pouquinho da sua cabeça. Ela chora quando ele não dá a mínima pra ela. Sofre porque ele tem ela na palma da mão e pouco se importa com isso.”
“Eu sei, fui egoísta. Larguei tudo pra trás, quem eu penso que sou pra sonhar que tudo é como foi? Ninguém. Sei enxergar isso. A gente tem fome de vida, de tudo, luta contra a morte o tempo inteiro e esquece que provavelmente o amor é maior que as duas coisas juntas. Mas isso você se dá conta quando pisa os tênis sujos de mundo no seu velho lugar, e a pessoa que você em momento algum se esqueceu de lembrar não está lá pra te receber.” 
Gabito Nunes